Sunday, November 10, 2019

10 anos depois

Que incrível reencontrar esse espaço e essa Jéssica, 10 anos depois. Que esse novo ciclo seja também do redespertar, redescobrir, reconectar com essa veia escritora (ruim, mas corajosa ao arriscar). Quem sou eu hoje?

Wednesday, May 13, 2009

13 de maio: Abolição da escravatura e Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo

"Guerreando pra sorrir"
- A lição do meu avô, que casou com minha avó e pariu a minha mãe.


Zulu Araújo
Presidente da Fundação Cultural Palmares / Ministério da Cultura

Abolição, palavra carregada de sentidos, dores, afetos e interpretações as mais diversas. Palavra que incendiou corações e mentes no século XIX e estimulou discussões apaixonadas sobre a vida, a liberdade e o futuro da humanidade. Símbolo que titulou movimentos libertários e tornou-se o principal combustível para a entrada do Brasil no século XX. Conteúdo concreto que povoou os sonhos de milhões de brasileiros ao longo de quase 400 anos. Mas, apesar de tudo isso, há uma forte inquietação quanto ao seu significado nos dias de hoje.

Vivemos momentos de perplexidade diante de tanta polêmica e reações indignadas por parte de setores da sociedade brasileira. Isso, por causa das políticas públicas, implementadas para a promoção da igualdade racial no Brasil, mais conhecidas como políticas de ações afirmativas. Por isso, vale perguntar: Para que conquistamos a Abolição? Que idéia ou sentido de liberdade gerada por este ato deve orientar nossas ações nos dias de hoje?

O poeta José Carlos Capinam, ícone do movimento tropicalista nos anos 1960, nos dá uma pista. Com versos poéticos e precisos, no poema/canção Abolição, ele nos ensina: "Acabar com a tristeza, com a pobreza e o apartheid, não fazer da humanidade, a metade da metade, parte branca, parte negra". Pois bem, é com esses versos na cabeça e um tanto de emoção, que gostaria de responder às indagações acima.

Abolição para que a sociedade brasileira conquiste a cidadania plena, o desenvolvimento econômico e social, para que todos seus filhos, independente da cor da pele, de sua origem social ou opção religiosa possam ser tratados com dignidade e igualdade, conforme a Constituição. Mas também para que, em seu nome e em nome de milhões de brasileiros e brasileiras, que empunharam essa bandeira com coragem e distinção, impeçamos que a desigualdade, o racismo e a discriminação, gerados por séculos, naturalizem-se em nosso cotidiano, como parte do nosso jeito mestiço de ser.

Abolição para sensibilizar e conscientizar os homens e mulheres que dirigem o país, em especial aqueles que nos representam na Justiça e no Parlamento, de que a promoção da igualdade racial não pode ser apenas o recheio mágico de discursos vazios sobre a beleza da mestiçagem, o encanto das mulatas etc. Ainda mais quando estudos e pesquisas apontam para a iniqüidade das relações raciais no Brasil, a exemplo do uso do critério da "boa aparência", que leva à exclusão milhões de brasileiros e dificulta a eles o acesso a determinados nichos do mercado de trabalho, como a publicidade, a moda e a televisão.

Abolição para impedir que o conservadorismo e o medo que latifundiários impingem ao campo, sempre que tratamos de regularização da terra, nos leve a ignorar a presença de milhões de remanescentes de quilombos, que, apesar de tanta dor e indiferença, continuam resistindo nos rincões do país, com a viva esperança de que a abolição os alcance de fato e assim possam ter acesso àquilo que lhes pertencem por justiça e direito.

Abolição para superarmos a abissal diferença entre a qualidade do ensino público e privado e a exclusão de um enorme contingente de jovens brasileiros do ensino superior. Afinal, o Brasil contemporâneo, aberto, criativo e plural não pode entregar à própria sorte parte da juventude brasileira a grupos de extermínio e a narcotraficantes. Reconhecer esse direito e possibilitar a reparação histórica por meio da ampliação do acesso desses jovens às universidades públicas é mais que um dever, é um compromisso com o futuro do país.

Portanto, a celebração desses 121 anos da abolição da escravatura no Brasil, só tem sentido se, de um lado, debelarmos a hipocrisia que grassa na sociedade quanto à questão racial (todos consideram que existe racismo no Brasil, mas ninguém se intitula enquanto agente de tal crime), de outro, dermos conteúdo real às aspirações de mais da metade da população brasileira. Ou seja, é preciso instaurar a abolição definitiva da discriminação, que ainda persiste no Brasil, por meio de ações concretas que levem à promoção da igualdade racial e social. E nada melhor que o poeta Capinam para nos inspirar: "Abolir essa careta, que esconde a Natureza e que me faz ser teu irmão. Abolindo a velha intriga e guerreando pra sorrir".

Tuesday, November 11, 2008

Julieta



Contribuição do Cristian. Linda canção!

Monday, November 03, 2008

A morte*

Sempre que penso em Six Feet Under ou na morte (literal ou metaforicamente), ou nos dois, lembro de uma música do Raul Seixas.

Canto para minha morte

Eu sei que determinada rua que eu já passei,
Não tornará a ouvir o som dos meus passos
Tem uma revista que eu guardo há muitos anos
E que nunca mais eu vou abrir
Cada vez que eu me despeço de uma pessoa
Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela ultima vez
A morte, surda, caminha ao meu lado
E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque
Na música que eu deixei para compor amanhã?
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,
E que está em algum lugar me esperando
Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho
Que eu quero e não desejo, mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte?
Uma das tantas coisas que eu não escolhi na vida?
Existem tantas... um acidente de carro.
O coração que se recusa abater no próximo minuto
A anestesia mal aplicada.
A vida mal vivida, a ferida mal curada, a dor já envelhecida
O câncer já espalhado e ainda escondido, ou até, quem sabe
Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...

Oh morte, tu que es tão forte,
Que matas o gato, o rato e o homem
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar
Que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas alimentem a erva
E que a erva alimente outro homem como eu
Porque eu continuarei neste homem
Nos meus filhos, na palavra rude
Que eu disse para alguém que não gostava
E até no uísque que eu não terminei de beber aquela noite...
Vou te encontrar vestida de cetim,
Pois em qualquer lugar esperas só por mim
E no teu beijo provar o gosto estranho que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar
Vem, mas demore a chegar.
Eu te detesto e amo morte, morte, morte
Que talvez seja o segredo desta vida
Morte, morte, morte que talvez seja o segredo desta vida

*(A escolha do título é sempre a pior parte do post! Por isso costumo ser curta e grossa. rs)

Tuesday, October 28, 2008

Meta-postagem/Metapostagem

Mudar de nome, animou o blog.
É como mudar o corte ou a cor dos cabelos, para as mulheres!
Pelo menos, quando o corte fica como a gente quer... (Decepcionada com o novo - hipercurto/hiper-curto/hiper curto - corte de cabelo)

P.S: Gente, o hífen é uma droga! Não me decido entre meta-postagem e metapostagem, nem entre hipercurto e hiper-curto (ou seria hiper curto? sem hífen?).

Fechando o caixa

Faltam apenas duas semanas para acabarem as aulas na universidade. E dois meses para acabar o ano. É inevitável fazer um balanço do ano, sempre foi inevitável. Deve ser essa nossa educação supersticiosa. Ou realmente todo fim é um começo. Enfim. O fato é que: estou em fase de balanço final. E o ano está positivo, muito positivo.
Laços importantes foram consolidados, viagens necessárias e deliciosas foram feitas, ótimas oportunidades surgiram (e foram aproveitadas). Eu nunca me senti tão feliz e leve como me senti nesse último ano.
Algumas coisas nem tão boas assim aconteceram, mas de forma geral nenhum grande aborrecimento surgiu. As pessoas que eu amo estão felizes, saudáveis, lutando por seus sonhos, estão cada dia mais fortes (e só eu sei como desejei isso). Consegui romper algumas barreiras internas, importantes barreiras, embora ainda haja algumas.
Os planos continuam de vento em polpa, alguns já estão caminhando para a realização, outros ainda estão dependendo de uma série de coisas bem chatas, mas necessárias, principalmente, grana. Mas estou muito otimista. Porque apesar de não ter realizado todos os meus planos para esse ano, todas as bases deles estão cada dia mais firmes e eu estou cada dia mais convencida de que é realmente isso que eu quero.
Para o próximo ano, como não poderia deixar de ser, espero que as coisas fiquem ainda melhores, se é que isso é possível.
Mas antes de pensar no próximo ano, preciso pensar nesse que ainda nem acabou e que já está me deixando muitas saudades. Com o fim tão próximo, eu não sei se choro ou dou risada...
Vou fazer os dois! Esse ano merece!

Sunday, October 26, 2008

Six Feet Under

Ainda estou digerindo os últimos capítulos da série. Na verdade, ainda estou digerindo todas as impressões que a série me causou desde a primeira temporada.

O episódio em que mais chorei é quando um dos personagens morre, mas não é porque ELE morre (mesmo porque eu estava/estou com muita raiva dele), é porque TODOS morremos, é porque deixamos quem a gente ama para trás, é porque magoamos essas pessoas, e é porque o final é sempre a morte, a droga da morte. Mas não exatamente a morte física, mas a nossa incapacidade de viver, a nossa mania de encontrar defeitos nas coisas e de sempre viver mais odiando que amando, a nossa impotência diante de tudo.
A série aumenta a impressão (muito mais que impressão) da nossa pequenez, de como a vida é curta, de como a gente perde tempo complicando as coisas, de como nós somos homens, e de quanto os homens são uns macacos frágeis e estúpidos.
Não existe deus, não existe salvação, existimos apenas nós, homens, fazendo tudo na vida, menos viver.

Isso tudo ainda é um nó na minha garganta.

Mas Six Feet Under deixou muito mais do que um nó na garganta.

Toda a série é recheada de altos e baixos, de ódios e amores, de esperança e desesperança, como a própria vida, não é? E a parte boa de tudo isso é perceber que apesar de sermos impotentes, bobos, frágeis, idiotas, somos capazes de ter momentos de paz, de felicidade, somos capazes de amar. Fiquei muito feliz pelo desfecho de vários personagens, muito feliz mesmo. E o que há em comum entre esses personagens que gostei é que eles foram capazes de amar, de mudar por amor, de viver por e com amor. Se existe algo que pode nos redimir é o amor, e só ele. Não falo só sobre o amor entre homem e mulher ou homem e homem ou mulher com mulher, enfim amor entre casais (esse também é fundamental), falo sobre toda forma de amor. Depois de muito tempo, procurando respostas (religiosas inclusive), percebi que só com o amor é que é possível ser feliz, que é possível dormir tranquilamente, que é possível acordar disposto, que é possível agüentar todas as dificuldades, que é possível viver. Não é fácil amar, porque amar significa amar mesmo aqueles que machucaram e que ainda machucam a gente. Mas é preciso.

A morte está presente em todo episódio da série. E na verdade, em toda nossa vida. Eu nunca tive medo da morte (às vezes até a desejei), mas depois de mudar de postura, depois de amar (de verdade), tudo que mais temo é a morte. Tudo que mais temo é não ter tempo de amar, de fazer carinho em quem eu amo, de dar abraços, beijos, de rir e chorar juntos, tudo que mais temo é a solidão da morte, para quem fica e para quem vai.

Por isso, é que Six Feet Under mexe tanto, não é apenas uma série, é o reflexo dos nossos medos, das nossas dúvidas, das nossas dores.

E ainda tem as músicas da trilha sonora, e que músicas! Vou postar uma música do final do episódio 11 da 5º temporada. Um dos episódios em que o nó na garganta fica ainda mais apertado.



Ah, o nome da música é Cold Wind, do Arcade Fire, e foi escrita para a série.

Até a próxima, daqui há alguns meses! rs

Thursday, October 09, 2008

Carapuça

A música a seguir é dedicada a todos os políticos corruptos (na maioria dos casos, isso é redundante) que conseguiram se eleger! E, claro, a todos os eleitores que escolheram esses caras! O pior é saber que ainda tem gente que vota nessa gente!


Vossa Excelência (Titãs)

Estão nas mangas
Dos Senhores Ministros
Nas capas
Dos Senhores Magistrados
Nas golas
Dos Senhores Deputados
Nos fundilhos
Dos Senhores Vereadores
Nas perucas
Dos Senhores Senadores...

Senhores! Senhores! Senhores!
Minha Senhora!
Senhores! Senhores!
Filha da Puta! Bandido!
Corrupto! Ladrão! Senhores!
Filha da Puta! Bandido!
Senhores! Corrupto! Ladrão!...

Sorrindo para a câmera
Sem saber que estamos vendo
Chorando que dá pena
Quando sabem que estão em cena
Sorrindo para as câmeras
Sem saber que são filmados
Um dia o sol ainda vai nascer
Quadrado!...

Estão nas mangas
Dos Senhores Ministros
Nas capas
Dos Senhores Magistrados
Nas golas
Dos Senhores Deputados
Nos fundilhos
Dos Senhores Vereadores
Nas perucas
Dos Senhores Senadores...

Senhores! Senhores! Senhores!
Minha Senhora!
Bandido! Corrupto
Senhores! Senhores!
Filha da Puta! Bandido!
Corrupto! Ladrão! Senhores!
Filha da Puta! Bandido!
Corrupto! Ladrão!...

-"Isso não prova nada
Sob pressão da opinião pública
É que não haveremos
De tomar nenhuma decisão
Vamos esperar que tudo caia
No esquecimento
Aí então!
Faça-se a justiça!"

Sorrindo para a câmera
Sem saber que estamos vendo
Chorando que dá pena
Quando sabem que estão em cena
Sorrindo para as câmeras
Sem saber que são filmados
Um dia o sol ainda vai nascer
Quadrado!...

-"Estamos preparando
Vossas acomodações
Excelência!"

Filha da Puta!
Bandido! Senhores!
Corrupto! Ladrão!
Filha da Puta!
Bandido! Corrupto! Ladrão!
Filha da Puta!
Bandido! Corrupto! Ladrão!
Filha da Puta!
Bandido! Corrupto! Ladrão!...